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E a danada da inveja, heim... xô! xô!

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sexta-feira, 24 de julho de 2015

Sororidade ou "Pirão pouco, o meu primeiro"?



Certos fatos ocorridos no meio ativista negro, especialmente o feminino, me deixam perplexas. Recentemente, fui informada de que fui exposta publicamente de maneira ilegal e desrespeitosa. Quem me informou, alegou uma indignação difícil de acreditar, visto que tomou conhecimento da situação e não me informou imediatamente sobre o ocorrido para que pudesse tomar as providências cabíveis, como seria de se esperar num caso desses. 

É incrível como falamos tanto em sororidade, mas investimos pouco, ou quase nada, em proteção mútua. No fundo, parece-me que não conseguimos nos livrar efetivamente do condicionamento a que o racismo/sexismo nos submeteu historicamente, pois, politicamente, nos comportamos de forma a não tornarmos público nosso desconforto com relação a determinadas práticas e nos conformamos em negociar nosso silêncio em troca das migalhas que o sistema nos oferece. Nos satisfazemos em comentar, muitas vezes em tom malicioso, sobre situações vexatórias ocorridas com pessoas negras sem termos o pudor de, ao fazê-lo, revelarmos nossa covardia, que alimenta mais e mais situações de violência.

Isso não significa, de forma alguma, que concordo com certa prática recorrente, que é fechar os olhos para erros cometidos individualmente ou evitar apontar um problema para não ter que buscar soluções coletivas. Até por minha prática profissional, sou professora, não costumo omitir erros, pois sei que, mesmo doloroso, esse processo é mais construtivo do que simplesmente fazer de conta que está tudo bem e exigir cada vez menos de nós próprias/os. Isso seria, de certa forma, concordar com o próprio racismo, pois um dos seus postulados é que não temos a mesma capacidade de desenvolvimento que outros grupos étnico-raciais. Prefiro ser a “antipática”, que aponta os erros e contribui para corrigi-los, do que a “boazinha”, que aprova todas/os para se livrar do problema e se tornar popular. O que não quer dizer que seja infalível, muito pelo contrário. Se reivindico, para nós negras/os, o reconhecimento da nossa humanidade, luto por isso sabendo que há aspectos negativos e positivos em sermos humanas/os: fome, desigualdade, guerra, destruição do meio ambiente, inveja, arrivismo, mas também amor, solidariedade, altruísmo..
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Feliz ou infelizmente, não consigo fazer o jogo que muitas/os jogam atualmente, que implica no riso fácil e no tapinha nas costas na presença de alguém e no ataque rasteiro e insidioso em sua ausência.

A reflexão que nos resta a fazer nesse momento é:
Será que o desrespeito às nossas diferenças prevalecerá?
Será que a inveja prevalecerá?
Será que o gosto pela fofoca é maior que o gosto pela vitória alheia?
Será que o gozo pela derrota da/o outra/o é maior que o gozo pela derrota do racismo/sexismo?