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Alguns estudos demonstram como opera o conceito de raça em nossa sociedade e a persistência da interdição do casamento entre indivíduos considerados racialmente diferentes, o que nos leva a refletir sobre a importância e a influência da raça como categoria social e as representações existentes a respeito do casamento inter-racial. Neste artigo, são apresentadas e discutidas as representações sociológicas dominantes sobre o casamento inter-racial, muitas vezes reduzidas a uma visão monológica das relações raciais. Após criticar esta concepção, discuto as mudanças ocorridas no casamento e, por fim, proponho uma nova maneira de analisar os casamentos inter-raciais.
Palavras-chave: casamento, raça, representações, casais inter-raciais.
Onde encontrar? http://www.enfoques.ifcs.ufrj.br/marco08/03.htm(O Globo, 7/11/2008)
Não me apego ao passado
Não necessito do presente
Agarro-me ao fugidio futuro
Com a força das mãos
E a incerteza da mente.
Não convivo bem com o pré-estabelecido
É preguiça que não tenho
Sou um ser pensante
Não assimilo preconceitos
Antes, os rejeito
Pois têm o valor do que é gasto, inútil
__________ x __________
Histórias ocorridas
Ilusões passadas
Pessoas em diligência
Povo lento em sua
Diária maratona
Porvir indefinidamente impalpável.
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Aos meus inimigos,
perdôo
Aos falsos amigos,
repudio
Aos que me evitam,
respeito
aos que com falsos sorrisos a mim cobrem
Ah! Pra esses,
Guardo doces beijos amargos...
__________ x __________
Navegue num rio de lágrimas
E chegue a uma ilha de sonhos
e de desejos satisfeitos
ou... a um abismo de angústia
e frustração.
__________ x __________
O mal por si só não se destrói
Usando bem a criatividade
E abusando da solidariedade
Podereis controlá-lo.
__________ x __________
Falo a verdade pois a amo
Não aquela inventada, refutável
E sim a que é de mim nascida
A que vem das minhas origens
A que faz de mim livre e orgulhosa
Ciente da importância do grito
E da força do silêncio
A que me faz... cidadã.
__________ x __________
A MORTE, QUE PENA...
Loucos! Querem tirar o bem
de quem dele fez mal
Querem dizer sim à ignóbil execução
Querem calar o grito, o crime,
a má ação
E sujar de sangue a consciência numa atitude mortal
Vão implantar a pena
Com um ato vão tirar de cena
Aquele que da vida sonhada
não sentiu o sabor
Aquele que não respeitou a morte
e à vida não deu valor...
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Novos tempos,
novos dias,
Novas técnicas,
novas tecnologias
Novo momento,
nova era
Velhos preconceitos,
velhas quimeras...
Época de viver
Época de amar
Época de saber falar e escutar
Época de discorrer,
De lutar.
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Insone
em noite de lua cheia
Lobo uivante,
Nuvens de algodão
Insano
pelos desejos selvagens
que a mente audaz impõe
ao coração.
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Novas tendências,
novos mitos
Jogos de poder
e conflitos
Seguem-se os velhos ritos
Continuam dominando
[os ricos]
Instauram-se novos limites
Novas ordens sociais
Promovem a fome e a guerra
Negam a disseminação da paz.
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Grilaram o campo da luta
nos matam de fome, nos violentam
e sorriem...
Sorriem pelo direito assegurado
pela violência debelada
pela morte da sanha de poder
por agora termos como fazer
Mas o terreno tá árido
tá cada vez mais árido o terreno...
Trocaram a letra da lei
querem nos aniquilar com o nosso próprio veneno
põe intenções em meus gestos
de forma que nem mesmo eu sei
E o terreno? Árido
tá cada vez mais árido o terreno
Irmãs desconhecem irmãs
trocam o Nós pelo Eu
competem e correm
e param
competindo na busca do que é(?) seu
E tá árido
cada vez mais árido o terreno...
Quer navegar por uns blogs interessantes? Experimente os blogs abaixo:
www.meublogcomtudodentro.blogspot.com – blog pessoal de Zelinda Barros, antropóloga
www.fazervaleralei.blogspot.com – blog com subsídios(livros, eventos, links) para auxiliar a implementação da Lei nº 10.639/03
A comerciária Renilda Santos Gonçalves, 19 anos, é a primeira mulher a ser presa em flagrante com base na lei Maria da Penha, criada, basicamente, para proteger o sexo feminino. Ela é acusada de ter jogado uma chaleira com água fervendo na sogra, a costureira Lucileide da Silva Moraes, de 52 anos, em Feira de Santana, e foi presa na manhã desta terça-feira, dia 12.
O sogro da comerciária, o petroleiro aposentado José Elizardo da Silva, de 75 anos, também sofreu com a agressão, quando tentou evitar a briga, e está internado na UTI do Hospital São Matheus.
“Renilda foi autuada pela agressão à sogra, mas o inquérito apresentará como agravante a situação do aposentado”, salientou a delegada titular da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), Martine Veloso.
Lucileide passa bem, apesar de ter sofrido queimaduras em boa parte da barriga. Renilda está presa no xadrez do Complexo Policial Investigador Bandeira. As duas se acusam mutuamente de ciúmes de Rogério Moraes Amorim, de 22 anos, filho da vítima e noivo da comerciaria.
A Tarde, CIDADES, 12/02/08."
A institucionalização dos movimentos sociais - dentre eles o de mulheres, que hoje têm boa parte de seus quadros integrando as estruturas de governo, põe a nu questões não resolvidas pelos movimentos e que precisam ser entendidas não apenas como referidas a um movimento estratégico de cooptação pelo Estado ou à traição das(os) companheiras(os) seduzidas(os) pelo poder. A penetração de espaços até então não ocupados por mulheres, por exemplo, traz à tona o problema do relacionamento com o poder, do modo como lidamos com a possibilidade concreta de reversão de uma situação que pode contribuir para a modificação das nossas vidas.
As explicações de alcance macro podem ser tentadoras no sentido de dimensionarmos o problema como algo que não atinge exclusivamente a um determinado segmento de mulheres, mas a todas nós. No entanto, elas fazem com que percamos de vista minúcias que, para nós mulheres, que ao longo de nossa trajetória histórica nos ocupamos das “pequenas coisas”, são importantes para definição de um novo rumo na luta política. O sistema de dominação que impõe a nós mulheres a situação de desvantagem em relação aos homens, até mesmo por nossa própria iniciativa em favor deles, se alimenta de uma lógica que muitas vezes reproduzimos na tentativa de esboçar uma reação. Revela-se o mesmo desprezo pelo que é considerado de menor importância, de menor impacto: a relação face a face. É justamente a proximidade das relações que as mulheres historicamente forjaram que pode servir como potencial transformador da vida de todas as mulheres, não apenas das que são consideradas empoderadas ou que tentam a via do empoderamento das mulheres através do ilusório empoderamento de algumas poucas representantes. Não podemos cair na armadilha de pensar que a ocupação de determinado cargo de prestígio ou que o gozo das benesses desfrutadas por ocuparmos certas posições de poder repercutirão sobre as outras mulheres com a força de um exemplo a ser seguido, como a possibilidade de que “é possível chegar lá”.
Mesmo quando nos pensamos grandes ainda somos pequenas. O aumento da força de uma depende do aumento da força de todas, o que implica em identificar nossas diferenças, mas também considerar que os privilégios que detemos e fazemos questão de manter podem nos levar, no máximo, a um conforto individual e instável, mas que, se não forem transformados em direitos coletivos, não contribuirão efetivamente para a mudança significativa de um quadro de dominação secular que ajudamos a construir. Penso não somente nas mulheres que alcançaram posições de prestígio profissional, mas também naquela dona de casa da periferia que esquece da vizinha quando, a custo de muita economia, consegue comprar um carro popular usado e passa a se comportar “como se tivesse o rei na barriga”.
A influência cada vez mais crescente dos meios de comunicação na pressão pelo consumo desenfreado retira o foco de nós mesmas e passamos a, como robôs, perseguir a busca por aquisição de bens. Nesta tentativa desesperada de termos cada vez mais coisas, mesmo aquelas das quais não necessitamos, esquecemos das pequenas coisas que podem fazer a diferenças para outras. Falo não de bens materiais, mas de relacionamento, de considerar a outra, se importar com a sua vida, suas angústias e sofrimentos.
Na situação de competição frenética em que estamos colocadas não nos interessa o que a outra pensa, mas apenas que ela deve ser ou pensar para que possar ser considerada uma igual. É aí que mora o perigo, pois a luta das mulheres passa pela convergência de pessoas que necessitam, apesar das diferenças, se unir em prol de uma luta que mude a vida de todas, não importando se ela tenha a cor da pele ou cabelo que mais me agrade ou que diga exatamente aquilo que eu quero ouvir. Alguns grupos organizados, como partidos e associações, exercem um papel devastador para a consolidação da luta feminista, pois polarizam os grupos e dividem com base em critérios que, para nós mulheres, não nos tem contemplado nem se traduzem em resultados positivos na luta pela mudança da nossa condição. A socialista, a neoliberal ou a anarquista sofrem, em diferentes graus, dos efeitos da dominação ideológica de gênero, e não é pela via partidária que a luta feminista será fortalecida. Isto não significa que devamos virar as costas para a possível ampliação de espaço no poder formal.
No último dia 17, estávamos eu e minhas amigas Negramone e Rebeca Sobral reunidas para discutirmos o planejamento do projeto “Curso de Formação de B-girls” quando fomos surpreendidas por um telefonema de uma outra amiga, Karla, que dizia nervosa do outro lado da linha que nosso amigo Chico tinha sido preso na Lavagem do Bonfim. O clima leve, que até então tinha sido mantido intocado, foi quebrado. Chico, negro, rastafári, fora preso quando foi comprar uma cerveja e foi confundido com um dos homens que brigavam num bar. Ao tentar se defender das agressões dos policiais que desferiam golpes indistintamente em todos que ali estavam, foi injustamente preso, humilhado e agredido física e moralmente. Detalhe: os policiais também eram negros!
Essa face perversa do racismo sempre me intrigou... como nos violentamos com tanta agressividade e não temos força grupal suficiente para nos voltarmos contra o sistema racista que nos oprime. Aqueles policiais são pessimamente remunerados, têm que proteger o patrimônio dos mesmos que mantêm sua situação de sujeição e, em vez de se agruparem e buscarem forças para reverter esta situação a seu favor, simplesmente atingem aqueles que são tão ou mais vulneráveis que eles.
A ilusão de poder dada pela farda faz com que cometam as maiores atrocidades inclusive contra seus próprios irmãos, assassinando jovens negros a quem a vida não dá as mesmas oportunidades que os de outros segmentos em nossa sociedade... e eles também são os pais de jovens negros... também eles podem ter seus filhos assassinados injustamente ao serem confundidos com marginais apenas por serem negros... vocês podem afirmar: “Sim, mas identidade não é imposta, o sujeito precisa se reconhecer como tal”. Realmente, aqueles policiais não são negros, pois negros têm consciência do mal que nos atinge e preserva a vida do outro, seu irmão, e não o extermina.
Devemos nos voltar contra o roubo de milhões, bilhões, contra aqueles que nos roubam e a quem a Polícia e a Justiça defendem... não devemos nos voltar contra aqueles que são facilmente identificados como ladrões pela cor de pele... nós somos vítimas, e o que nos roubaram foi algo de um valor inestimável: a nossa propria identidade.
Basta ter idade entre 8 e 18 anos; interesse em algum instrumento de orquestra (à exceção do piano); disponibilidade para comparecer às atividades de segunda a sexta, no período da tarde, e não precisa saber tocar nem possuir o instrumento. Esses são os critérios para a pré-inscrição na segunda fase do Projeto NEOJIBÁ - Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia, lançado no ano passado sob a coordenação do gestor artístico da Orquestra Sinfônica da Bahia, Ricardo Castro. Os interessados devem preencher a ficha de pré-inscrição, disponível na Internet e também na portaria do Teatro Castro Alves. Mais informações pelo telefone (71) 3339-8085 ou no e-,mail neojiba@gmail.com. A partir daí, será criado um cadastro de nomes que poderão ser chamados na continuidade do projeto.
O PROJETO - Trata-se de uma ação prioritária do Governo do Estado da Bahia, promovida pela Secretaria de Cultura e realizada pela Fundação Cultural e Teatro Castro Alves, sob gestão da Orquestra Sinfônica da Bahia e em intercâmbio com a FESNOJIV - Sistema Nacional das Orquestras e Coros Juvenis e Infantis da Venezuela. O NEOJIBÁ é uma iniciativa inédita na Bahia e tem como objetivo promover a integração social através da prática orquestral, com a formação de núcleos de orquestras juvenis e infantis em Salvador e em cidades do Interior. O projeto é financiado pelo governo estadual com a captação de recursos através da Lei Rouanet. O primeiro fruto do NEOJIBÁ foi conferido pelo público baiano no segundo semestre do ano passado, com a estréia da Orquestra Sinfônica Juvenil Dois de Julho, no palco do TCA, seguida de outras apresentações pela cidade.
FONTE: http://www.tca.ba.gov.br/neojiba/preinscricaofase2.htm![]() |
O Núcleo de Mulheres da Rede Aiyê de Hip Hop abriu inscrições para o Curso de Formação de B-Girls. O curso, apoiado pelo Fundo Ângela Borba de Recursos para Mulheres, é voltado a mulheres jovens a partir de 14 anos, moradoras de bairros periféricos de Salvador, e ocorrerá em 12(doze) encontros (aos sábados) nos meses de janeiro a abril do ano corrente. As interessadas poderão participar da seleção pública em que serão escolhidas 25 participantes, que receberão auxílio para transporte e alimentação no decorrer do curso. A seleção acontecerá no dia 16 de janeiro, no Teatro Gregório de Matos, a partir das 17 horas. Maiores informações nos telefones (71) 9995-7611 e 3497-3152 (falar com Negramone) e e-mail redeaiyehiphop@yahoo.com.br
O que é B.girl?
Mulher ou menina que dança os diferentes gêneros na dança de rua no Hip–Hop: Breaking, Locking, Popping entre outros. O termo foi criado pelo DJ Kool Herc para se referir àquelas que dançavam na roda ao som do DJ. A dança de rua, criação da juventude negra latina dos Estados Unidos na década de 60, é um dos elementos da cultura e movimento HipHop surgidos no contexto de político de guerra de Vietnã, movimentos por direitos civis, denúncia de desigualdades sociais e econômicas, afirmação de identidades e reconhecimento da história e lideranças negras.
As ações do Programa de Ações Afirmativas da UFBA, na medida em que se orientam à preparação dos candidatos ao Concurso Vestibular, à realização do Concurso, ao incentivo à permanência dos aprovados e ao acompanhamento e avaliação das políticas adotadas, cumprem parcialmente os objetivos a serem alcançados para a garantia de efetiva inserção da população afro-descendente na universidade. As ações de incentivo à permanência, fundamentais para a garantia da permanência do contingente de jovens negros que ingressaram via sistema de cotas na UFBA não têm a necessária continuidade assegurada. Os poucos projetos e programas existentes (b) têm curtíssima duração e envolvem pequeno número de estudantes, o que contribui para a reprodução da desigualdade interna ao segmento dos cotistas.
Tendo em vista que a educação formal brasileira somente com o advento da Lei de Diretrizes e Bases e da Lei 10.639/03 permitiu a inclusão de temas até então pouco discutidos no ambiente escolar, como pluralidade cultural e desigualdades raciais e de gênero, podemos observar que os professores carecem de formação específica para o trabalho com estes temas em sala de aula. Tal situação aponta tanto para a necessidade de mudança na estrutura dos currículos educacionais como para a necessidade de garantir aos profissionais que já atuam em sala de aula a formação específica para o trabalho com temas transversais.
Apesar de previsto em seu Programa de Ações Afirmativas, a UFBA ainda não incluiu nos currículos dos cursos de Licenciatura os conteúdos determinados pela lei, o que contribui para a formação de profissionais despreparados para o trabalho com a História e Cultura Afro-brasileiras. Diante de tal quadro e da importância das ações afirmativas para a criação de uma sociedade verdadeiramente igualitária, torna-se imprescindível o fortalecimento dos pontos frágeis do Programa de Ações Afirmativas idealizado pela UFBA. Somente seguindo à risca seus princípios e ações programadas, teremos na Universidade Federal da Bahia um modelo a ser replicado nacionalmente.
(a) Antropóloga, Mestra em Ciências Sociais, trabalha com consultoria a projetos sociais nas áreas de gênero e raça/etnia.
(b) Programa Preparatório para a Promoção da Igualdade Étnico-racial na Educação e Diálogos Cotistas, do CEAO, Programa Conexões de Saberes, da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil, Programa AfroAtitude, do Programa A Cor da Bahia (FFCH).